Na narrativa bíblica da Torre de Babel, os seres humanos falavam uma única língua e, unidos, decidiram construir uma torre que chegasse aos céus. O mito diz que Deus, temendo essa aproximação, confundiu suas línguas e os dispersou pela Terra. Essa história aparece também, de formas distintas, em mitologias africanas, hindus e aborígenes, o que revela algo arquetípico: sempre que a humanidade se une e se fortalece por meio do entendimento, algo — ou alguém — age para fragmentar, para separar, para impedir a construção coletiva. Joseph Campbell dizia que os mitos são metáforas da experiência humana. A torre, então, é também símbolo da possibilidade de comunhão e da ameaça que isso representa para quem detém o poder. A linguagem é uma das ferramentas mais potentes que temos para construir sentido e, por consequência, poder. Ao longo da história, quem controla a linguagem controla as narrativas. Na Idade Média, por exemplo, a Bíblia era lida apenas pelo clero; o povo não tinha acesso diret...
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